A natureza do ser humano é
tripla, assim como é a natureza divina. Somos todos estrelas, como a Grande
Deusa Estrela que permeia a tudo e a todos, simplesmente divinos. Mas esta divindade, este Deus/a interior está
em relacionamento com outras partes do nosso ser, somos Unihipili, Uhane e
Aumakua, facetas de humanidade e para cada uma delas temos ferramentas para
aprimorar e refinar nossos trabalhos e assim “nos tornar cada vez mais divinos
em nossa humanidade”, como coloca T. Thorn Coyle.
Cada
um dos Pentáculos está relacionado com um de nossos selves; o Pentagrama deFerro (PF) está ligado ao Unihipili, o Pentagrama de Pérola (PP) ao Uhane,
ambos ensinados por Victor Anderson, e para o Aumakua temos o Pentagrama de
Bençãos, como nos apresenta Valerie Walker. Como colocado em textos anteriores,
os Pentáculos são ferramentas para a transformação e movimentação energética
através dos Selves, mas não somente isso, eles são ferramentas de meditação,
foco e aprimoramento de cada parte de nosso ser, induzindo inevitavelmente a
uma ação pautada na integridade pessoal, expressando o trabalho de nosso Deus
Interior. Ao trabalharmos os nossos
medos e bloqueios viscerais com o PF, despertamos a forma mais pura de Mana,
desencadeamos a expressão perfeita do Self Jovem que só se torna eficaz com os
trabalhos do PP e o envolvimento comunitário, ou seja, focar toda esta energia
em um trabalho coletivo, visando não só a saúde pessoal, física, mas a saúde de
um todo, os relacionamentos saudáveis. Mas este trabalhos só pode ser completo
com o despertar de nossa divindade interior e a expressão do trabalho desta
divindade. Mas que trabalho é esse? É o Grande Mistério, já que é um trabalho
que somente você pode exercer, uma função planejada somente para você, algo
íntimo e pessoal.
O
Pentáculo de Bençãos (PB) aproxima a relação do Unihipili e Uhane com o
Aumakua, permitindo que a energia Mana-Loa seja recebida e direcionada de
maneira segura, despertando as partes divinas de nosso ser e as convidando para o
trabalho. As pontas do PB reivindicam essa divindade inata, despertam a pessoa
para as relações divinas e conseqüentemente a constatação de que vivemos em um
mundo sagrado e de que somos sagrados. O trabalho com o PB nos coloca como
ativos na relação espiritual, existe um compromisso, consciência e
relacionamento, é a constatação de que somos mais do que mundanos, de que não
estamos sozinhos e que pode existir um relacionamento entre humanos e Deuses. A
lógica que se segue é a de que somos filhos de Deuses e assim Deuses por
excelência, mas como filhos, temos um longo caminho a percorrer para alcançar o
potencial divino inerente e latente em nossa humanidade, assim como um bebê
contem em si toda a perfeição da humanidade mas se constrói humano nas relações
com outros humanos, do contrário sua natureza animal seria super estimulada e
uma lacuna enorme ficaria sem ser preenchida, como pode-se observar no caso das
meninas lobo Amala e
Kamala.
A
estimular o Aumakua com o PB nos tornamos mais conscientes, responsáveis e atuantes, o verdadeiro trabalho de um Sacerdote é desperto com este pentagrama,
que assim como os pentáculos anteriores, serve como um norteador, uma bússola
para prática e ação espiritual, nos ajuda a “entrar nos eixos” mais rápido e a
encarar nossos complexos, nossos traumas e a acolhe-los como parte de nossa
humanidade. Sua energia é Mana-Loa, algo que não pode ser gerado pelo corpo
humano (ao contrário de Mana ou Mana-Mana) somente podemos estar abertos a essa
energia, recebê-la e direcioná-la da melhor maneira possível, como bênçãos.
As
pontas do Pentáculo são Devoção, Verdade, Presença, Imanência e Gratidão. Cada
uma delas trabalha as relações que temos com a espiritualidade e nos incentiva
a encará-las, ao trabalho e a prática de cada uma delas, já que somente a
prática é que irá ativar cada uma das pontas, cada uma delas media um grau de
força espiritual que precisa ser mediado pelo sacerdote através da ação, esta
mediação entre mundos é que se torna a chave deste Pentáculo.
Devoção: Ligada
diretamente as pontas do Sexo e Amor, Devoção é o eixo deste pentáculo no qual
todas as outras pontas giram. Devoção é o reconhecimento de que existe algo
divino e que precisa ser mediado neste plano. O ato devocional é o alimento dos
Deuses que precisam ser cultuados, mas isso longe de ser uma relação dependente
entre Deuses e Humanos, é o despertar de uma necessidade de voltar-se a cada
momento para o alimento que nosso próprio Deus/a Interior precisa, é a oração
que nos conecta, é o ritual de entrega a esse Divino. Devoção é um ato de amor
aos Deuses, sem segundas intenções, é um ato sexual, é o Hiero Gamos, é um
momento de estar completo e conseqüentemente é abrir-se a toda esta energia que
a Devoção estimula.
Verdade: Verdade pode ser
um conceito social num primeiro olhar, nos voltando para o PP, mas ao
refletirmos sobre as pontas que antecedem a Verdade, Orgulho e Lei, podemos
ampliar nossos conceitos. Verdade neste Pentáculo reflete a conexão com tudo o
que é, foi e será, e simplesmente ser esta verdade, muito maior do que podemos
intelectualizar, é estar alinhado com a proposta divina e ser verdadeiro com o
seu ser, agir em nome da verdade. Lembrando que somos a voz dos Deuses na Terra
e que por isso nossas palavras devem sempre proferir a verdade, isso nos remete
a assumir a responsabilidade pelo que dizemos, a pensar antes de falar qualquer
coisa e antes de assumir qualquer compromisso, é antes de qualquer coisa, um
reconhecimento do seu verdadeiro potencial e com isso agir verdadeiramente.
Presença: Com o trabalho feito em Verdade, somos levados
inevitavelmente aos trabalhos com a ponta da Presença. Estar presente é estar
consciente do momento, este momento, aqui e agora, o único que importa, o único
espaço em que podemos agir, mudar, crescer e transformar. Estar presente é
reconhecer a centelha divina e todo o seu potencial, é estar atento e
consciente. Está ligada intimamente com a ponta do Self e Conhecimento nos
outros Pentáculos. Um sinônimo da energia desta ponta é Integridade, estar
inteiro e conectado.
Imanência: Ao nos conscientizarmos de nossa divindade e
ao estarmos presentes, como um efeito dominó, encaramos tudo como sagrado, tudo
ao nosso redor, como Thorn Coyle retrata no livro “Evolutionary Witchcraft”
sobre a Deusa Estrela e a imanência: "Imanente, Ela preenche todos os
espaços de nosso ser com mistério e beleza: Está na planta que nasce, se
espremendo pelas calçadas rachadas, ou no raio de sol que ilumina o céu.
Imanência é a voz da brisa nas folhas das árvores, é a queda d'água em uma cachoeira
e no encontro do mar com a areia. Imanência é um beijo, um toque, o fôlego. É o
seu corpo no encontro de outro corpo no calor da luxúria e celebração. O divino
no mundo está também em cada um de nós e estabelece a relação com tudo o que
nos rodeia. Na natureza nós vivenciamos o plural, o múltiplo: A natureza é o
corpo no qual a diferença flui..."
Gratidão: Eu gosto muito de dizer que Gratidão é o
marca-texto do Universo, eu acredito fielmente que ao agradecer acessamos a
energia divina e espiritual que conduz e dá o tom a nossa existência, e mais
ainda, reconhecemos que nossos atos são mediados pelo divino e reconhecer esta
relação a fortalece. Gratidão é o movimento de entregar-se as experiências, é
ater-se aos momentos que engrandecem e transformam, é abrir-se a abundância e
prosperidade que o universo tem para oferecer. Gratidão é um sentimento
grandioso e curativo e está ligado as pontas de paixão e sabedoria, que nos
remete a todo potencial inato de poder interior e relacionamento, ação, que por
si só já é transformador. Eu percebo Gratidão ligada com intimamente com a
humildade que em sua essência nos desperta a consciência de que não estamos
sozinhos e nos coloca em relação, simétrica, com o outro e com o Divino, por
isso esta ponta está ligada diretamente a ponta de Devoção.
Assim
fechamos o circuito do Pentáculo de Bençãos, que como os outros Pentáculos pode
ser trabalhado circularmente ou ligando uma ponta a outra, a energia que o percorre é ultra-violeta, representando tudo aquilo que transcende a nossa
humanidade e nos conecta com o divino. Cada uma destas pontas nos leva a
trabalhar aspectos nossos em relação com os Deuses e refletem o âmago das
práticas pagãs. O PB vai lapidando a maneira como realizamos nossos rituais,
como nos comprometemos com os trabalhos sacerdotais e com o compromisso que
assumimos com os Deuses, sendo seus representantes e mediadores. A Prática com
o PB abre os canais pelos quais a Mana-Loa flui, nos sensibilizando a esta
energia e conferindo maior flexibilidade para o manejo e utilização da mesma.
Num âmbito mais espiritual, o PB trabalha para orientar uma prática espiritual
saudável, compatível com o nosso dia-a-dia e inserindo em nosso viver princípios
espirituais, dando espaço para o trabalho do nosso Deus/a Interior se manifestar
em cada ato, em cada ação.
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